Passa por mim, pelos poros
Passa pelas mãos, escorre tântrico
Abraça o tempo, desenlaça mundos
Integro-me de fundos negros ao ponto de cozinhar-me inteiro
Pede-me que te faço
Que farei-te de mim o mesmo maço
Ao máximo, próximo, tóxico
Se ao menos eu pudesse exprimir esse ácido
Esse todo lodo gástrico que a nós expõe-se ao clássico
Permita-me, então, que te respeite como anjo
Como anjo, que me deslava e toma sem cuidado
Como anjo, que se esvai no signo simpático (três pontos lúcidos - aqueles que não esperam, sintomáticos)
Aqueles mesmos pontos que de pronto já não esquecem, desvanecem
Na meia-frase que eu digo, eu disse, sempre!
Até que enfim, voltaram os pássaros.
domingo, 27 de março de 2011
sexta-feira, 25 de março de 2011
quinta-feira, 24 de março de 2011
quarta-feira, 23 de março de 2011
domingo, 20 de março de 2011
Vento
Pincel vagabundo que me sopra no ouvido o vento imundo
Não escutarei mais a voz da razão
Esta me leva sempre para onde não deveria ir.
Não escutarei mais a voz da razão
Esta me leva sempre para onde não deveria ir.
sexta-feira, 18 de março de 2011
Silva Jardim
Eu queria morar numa casa com jardim:
Um daqueles bem secretos, cheios de plantas e mistérios, com uma clareira bem no centro, marcando o local de pouso dos Ets.
Um daqueles bem secretos, cheios de plantas e mistérios, com uma clareira bem no centro, marcando o local de pouso dos Ets.
segunda-feira, 14 de março de 2011
Ao que balança mas não cai
Amado mundo, oh, mundo!
Tu que me paristes em pleno caos, em meio a tanta desordem e aflição
Que me cuidastes e me alimentas
E compreendes sem exceção
Tanto peco contra ti e, mesmo assim,
Sabes que faço por não resistir às fraquezas e encantos
Penso ter tudo sob meu domínio, creio ser onipotente
Peno por não controlar a tua força
E por negar a ordem suprema, muito acima da minha ínfima vontade mesquinha
Tudo tenho a aprender e tudo me ensinas
És puro saber por onde o homem caminha
Tudo em ti posso ver e, no entanto
Ignoro e volto a sofrer, pobreza minha...
Tu que me paristes em pleno caos, em meio a tanta desordem e aflição
Que me cuidastes e me alimentas
E compreendes sem exceção
Tanto peco contra ti e, mesmo assim,
Sabes que faço por não resistir às fraquezas e encantos
Penso ter tudo sob meu domínio, creio ser onipotente
Peno por não controlar a tua força
E por negar a ordem suprema, muito acima da minha ínfima vontade mesquinha
Tudo tenho a aprender e tudo me ensinas
És puro saber por onde o homem caminha
Tudo em ti posso ver e, no entanto
Ignoro e volto a sofrer, pobreza minha...
sexta-feira, 11 de março de 2011
Antítese
Passar pelas trevas para conhecer a luz
Sentir o medo para ter a coragem
Cair do alto para ser humilde
E levar uma surra para agradecer
Tenho que saber qual é a minha fraqueza
Para nela me fortalecer
Tenho que chegar ao sono profundo
Para abrir os olhos e poder ver
Ouvir, para poder aprender...
Tenho que sentir a culpa
Para poder perdoar
Tenho que perder
Para valorizar
E tudo se constrói conforme o tempo mandar.
Sentir o medo para ter a coragem
Cair do alto para ser humilde
E levar uma surra para agradecer
Tenho que saber qual é a minha fraqueza
Para nela me fortalecer
Tenho que chegar ao sono profundo
Para abrir os olhos e poder ver
Ouvir, para poder aprender...
Tenho que sentir a culpa
Para poder perdoar
Tenho que perder
Para valorizar
E tudo se constrói conforme o tempo mandar.
Infinito
Olho para o universo como a um espelho. Nele vejo estrelas, pontos do meu desespero por desintegração - cosmos, luzes, artérias do tempo. Olho para meus pequenos pensamentos e imagino como seria não existir, ainda seria existência? E ser tudo, o que é que não sou, afinal? Penso em livros, penso em filmes...nada corresponde às verdadeiras respostas, pois estas não estão ao alcance da minha limitada linguagem. Ainda que eu memorizasse a ordem natural de todas coisas, não seria mais que esforço racional. Ainda que eu dominasse a alquimia de transformar chumbo em ouro, não faria nada muito diferente do que transformar papel em cinzas. Ainda que eu tentasse explicar esse sentimento de ser, não usaria mais que retórica.
Olho para dentro, para o microscópico infinito de tudo, e tudo o que vejo é o nada, o espaço vazio cheio de Deus.
Olho para dentro, para o microscópico infinito de tudo, e tudo o que vejo é o nada, o espaço vazio cheio de Deus.
quinta-feira, 10 de março de 2011
Festa da noite
Esta noite eu sonhei
Quebrando todos os paradigmas, todas as regras
Eu sonhei
Acordando, sonhei que acordava
Num passado, sonhando
Acordada, amando
Sonhei com uma beleza, muitas gentes
Todos lúcidos fantásticos sonâmbulos
Sonhei com tudo o que não podia ter sido sonhado
Sonhei com sonhos, todos os que um dia a humanidade sonhou ter
Sonhei com nus, com pêlos, com âmagos
Sonhei Jesus, a cruz e incômodos
Sonhei tanto que quando acordei
Já estava velha e sem sonhos
Sonhando baixo e pensando
Se de sonhar valeram-me os anos.
Quebrando todos os paradigmas, todas as regras
Eu sonhei
Acordando, sonhei que acordava
Num passado, sonhando
Acordada, amando
Sonhei com uma beleza, muitas gentes
Todos lúcidos fantásticos sonâmbulos
Sonhei com tudo o que não podia ter sido sonhado
Sonhei com sonhos, todos os que um dia a humanidade sonhou ter
Sonhei com nus, com pêlos, com âmagos
Sonhei Jesus, a cruz e incômodos
Sonhei tanto que quando acordei
Já estava velha e sem sonhos
Sonhando baixo e pensando
Se de sonhar valeram-me os anos.
sábado, 5 de março de 2011
No exato momento em que...
Minutos, instantes
Matéria pulsante
Tinta do tempo parada na estante
Quadros, fotos de um passado alucinante
Moldura hesitante
Instante
Em que me guardo para o próximo quadrante
Mato-me em suicídio penetrante
Plêiade dos mortos mais antigos e atuantes
Ergo-me às cinzas dos funéreos palestrantes
Avante
Quase sofro
Por estar neste vazio retumbante
O momento excruciante
O triunfo culminante
Gozo do ser estar amante
Berrante
Do vórtice que prefiro extenuante
Da minha cara num febril refrigerante
Do mesmo montante
Em que presente, futuro, tudo dantes
Inconstantes
Ajustam-se aos bravos visitantes
Meus conterrâneos e seres exultantes
Instantes.
Matéria pulsante
Tinta do tempo parada na estante
Quadros, fotos de um passado alucinante
Moldura hesitante
Instante
Em que me guardo para o próximo quadrante
Mato-me em suicídio penetrante
Plêiade dos mortos mais antigos e atuantes
Ergo-me às cinzas dos funéreos palestrantes
Avante
Quase sofro
Por estar neste vazio retumbante
O momento excruciante
O triunfo culminante
Gozo do ser estar amante
Berrante
Do vórtice que prefiro extenuante
Da minha cara num febril refrigerante
Do mesmo montante
Em que presente, futuro, tudo dantes
Inconstantes
Ajustam-se aos bravos visitantes
Meus conterrâneos e seres exultantes
Instantes.
quinta-feira, 3 de março de 2011
O que ser
São apenas palavras, fúteis...palavras
Se confundo deve ser por que no fundo não quero dizer nada
Assim, confusa, exposta ao crivo do mundo, evito submeter-me às impressões que os outros têm de mim
Eu sei quem eu sou
Não sei dizer quem eu sou
Sou (mesmo que dizendo-o não seja mais quem eu sou, pois dizer ser não quer dizer o real significado de ser)
A insuportável profundidade do ser não é expressa em palavras, limitadas
Esqueço sempre o cheiro dos verbetes
Esqueço, mas a idéia prima persiste
Esqueça-me
Ou esqueça a idéia que faz de mim
Pois não é nada disso que você está pensando ser.
Se confundo deve ser por que no fundo não quero dizer nada
Assim, confusa, exposta ao crivo do mundo, evito submeter-me às impressões que os outros têm de mim
Eu sei quem eu sou
Não sei dizer quem eu sou
Sou (mesmo que dizendo-o não seja mais quem eu sou, pois dizer ser não quer dizer o real significado de ser)
A insuportável profundidade do ser não é expressa em palavras, limitadas
Esqueço sempre o cheiro dos verbetes
Esqueço, mas a idéia prima persiste
Esqueça-me
Ou esqueça a idéia que faz de mim
Pois não é nada disso que você está pensando ser.
Passado
Ainda lembro vagamente
Um momento, talvez importante
Da vida que não mais me leva
Um instante, por quê não?
Do passado remanescente, cinzas que fiz queimar
Temos o tempo, não precisamos de dinheiro
Da arte nos virá a eternidade.
Um momento, talvez importante
Da vida que não mais me leva
Um instante, por quê não?
Do passado remanescente, cinzas que fiz queimar
Temos o tempo, não precisamos de dinheiro
Da arte nos virá a eternidade.
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