se agarrar ao sofrimento como boia
no mar das possibilidades de esquecimento
domingo, 17 de maio de 2020
segunda-feira, 4 de maio de 2020
Resquícios V (2010)
Hoje te vejo espelhado em outro ser
Que não é nada mais do que a mesma coisa com outro nome e outra idade
(Não, a idade é a mesma - ou seria a mesma data de nascimento?)
O que sei é que é terrivelmente assustador
Notar que te vejo com outro olhar, quanto tempo depois do dia em que me esqueci numa rua deserta
Notar que você de alguma forma se sublimou nas idéias verdes que fazia de teus olhos
(E que os Beatles não têm mais a mesma magia ridícula)
O que vejo agora são lapsos inconscientes e memórias igualmente incompreensíveis
De tempos em que eu não sabia pensar e deixava que você invadisse o caos da minha mente para depois largar tudo como bem entendia
Sento no chão, algo me diz que aí está bom
Começo a catar cacos de vidro produzidos por um momento de fúria
Corto o dedo (de novo?) sem querer
E atento para um pedaço que parece a cara do Michael Jackson
Observo meu entorno - nada parece incomum, cores, livros, roupas espalhadas
Não estaria eu procurando sarna pra me coçar? É, deve ser...desencana, deixa as coisas acontecerem por si próprias, tudo se ajeita no seu devido tempo e espaço
O nome até que tem a ver, pintores famosos, tartarugas ninjas, essas coisas...há uma certa ligação, enfim
Que não é nada mais do que a mesma coisa com outro nome e outra idade
(Não, a idade é a mesma - ou seria a mesma data de nascimento?)
O que sei é que é terrivelmente assustador
Notar que te vejo com outro olhar, quanto tempo depois do dia em que me esqueci numa rua deserta
Notar que você de alguma forma se sublimou nas idéias verdes que fazia de teus olhos
(E que os Beatles não têm mais a mesma magia ridícula)
O que vejo agora são lapsos inconscientes e memórias igualmente incompreensíveis
De tempos em que eu não sabia pensar e deixava que você invadisse o caos da minha mente para depois largar tudo como bem entendia
Sento no chão, algo me diz que aí está bom
Começo a catar cacos de vidro produzidos por um momento de fúria
Corto o dedo (de novo?) sem querer
E atento para um pedaço que parece a cara do Michael Jackson
Observo meu entorno - nada parece incomum, cores, livros, roupas espalhadas
Não estaria eu procurando sarna pra me coçar? É, deve ser...desencana, deixa as coisas acontecerem por si próprias, tudo se ajeita no seu devido tempo e espaço
O nome até que tem a ver, pintores famosos, tartarugas ninjas, essas coisas...há uma certa ligação, enfim
Resquícios IV - Engano (2010)
Teu amor
É como uma caixinha de recordações
Que às vezes reviro como quem procura um cantinho pra se esquentar
Como "as mariposa" que sentam no prato da lâmpida.
Reviro, viro, não encontro
Só trombo com teu olhar fugidio a me ignorar
Você não é uma lâmpida
Eu não sou uma mariposa
E as voltas que dou são só pra me cegar na tua luz
E voltar a esperar
Que alguém te apague novamente
Pra eu poder enxergar um palmo à minha frente
Há momentos em que calar consiste em dizer, e dizer quer dizer dizer só por dizer. Tudo já foi dito, cerro meus lábios e só vou deixar falar meu coração.
É como uma caixinha de recordações
Que às vezes reviro como quem procura um cantinho pra se esquentar
Como "as mariposa" que sentam no prato da lâmpida.
Reviro, viro, não encontro
Só trombo com teu olhar fugidio a me ignorar
Você não é uma lâmpida
Eu não sou uma mariposa
E as voltas que dou são só pra me cegar na tua luz
E voltar a esperar
Que alguém te apague novamente
Pra eu poder enxergar um palmo à minha frente
Há momentos em que calar consiste em dizer, e dizer quer dizer dizer só por dizer. Tudo já foi dito, cerro meus lábios e só vou deixar falar meu coração.
Resquícios III - Asilo (2010)
Sou desconhecida
Para todos os efeitos, você nunca me viu
Esquece que tocou meus olhos
Faz-me retrato inútil no fundo da gaveta
No fundo, lá
Apodreço como todas as fotos velhas
Embranqueço meus cabelos como senhora
Para todos os efeitos, você nunca me viu
Esquece que tocou meus olhos
Faz-me retrato inútil no fundo da gaveta
No fundo, lá
Apodreço como todas as fotos velhas
Embranqueço meus cabelos como senhora
Resquícios II - O latido (2010-2020)
Anúncio do tempo
Prenúncio das boas-vindas
Fareje a si mesmo, dando voltas em torno de seu próprio pêlo
Se não tem com quem brincar, brinque com sua sombra
Não ladre, não morda
Não encoste as patas sujas na parede
Não me dê dúvidas, as tenho em quantidade razoável
Dê-me idéias, estas sim, escassas em minha mente
Busque o dentro de si, sem comer da ração chamada beijo
Permita-se existir, permita-se ser, permita ser
Permita-me ouvir o canto das sereias
Deixe-me em paz
Cachorro
Prenúncio das boas-vindas
Fareje a si mesmo, dando voltas em torno de seu próprio pêlo
Se não tem com quem brincar, brinque com sua sombra
Não ladre, não morda
Não encoste as patas sujas na parede
Não me dê dúvidas, as tenho em quantidade razoável
Dê-me idéias, estas sim, escassas em minha mente
Busque o dentro de si, sem comer da ração chamada beijo
Permita-se existir, permita-se ser, permita ser
Permita-me ouvir o canto das sereias
Deixe-me em paz
Cachorro
Resquícios I (2010-2020)
Em quais curvas
Esqueço que um dia te quis
Como a nenhum outro quereria
(Não fossem as lágrimas derramadas por um amor passado, diria que foste tu o primeiro)
No entanto, em qual declive nosso amor se partiu
Em mil pedacinhos pontiagudos que, com o tempo, foram perdendo a aspereza
E aos poucos tornaram-se parte da pele
Assim, insensível
Esqueço que um dia te quis
Como a nenhum outro quereria
(Não fossem as lágrimas derramadas por um amor passado, diria que foste tu o primeiro)
No entanto, em qual declive nosso amor se partiu
Em mil pedacinhos pontiagudos que, com o tempo, foram perdendo a aspereza
E aos poucos tornaram-se parte da pele
Assim, insensível
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