Receber no correio uma carta e ficar contente como uma criança ganhando um brinquedo
Entrar em casa e ver que todos os seus sonhos foram realizados
Parece tanto brilho luz tantas cores
Deitar na cama de barriga pra cima e pensar em não estar mais aqui
Tão sólido pensa que tão ridículo pensar assim
Não tem pra onde fugir
Estar agarrada à vida como chiclete no sapato não largo não venha me tentar
Olhar pra seus silêncios e se permitir viver com seu monstro
Esse que te fala baixinho pra parar
E você olha pra ele como a criança que recebeu a carta mas não gostou do que leu
Sabe que logo ele tenta falar mais alto mas você está mais agarrada porque ainda tem uns sonhos de outras pessoas pra realizar
Parece confuso, viver assim com seu monstro que quer te comer
E você olha
Só olha
Não dá pra silenciar o monstro, quem sabe
Só olhar
Um dia ele para, mas aí já será tarde demais
E você já vai ter sido vida comida pelas beiradas até o miolo acabou
Porque era hora e não antes