sexta-feira, 30 de abril de 2021

 E aí me disseram pra coletar tudo o que se relaciona com o peso que carrego: junta tudo e dá uma olhada?

Bem complexo, isso aí.

Timeline

 É só olhar pra minha linha do tempo:

sou uma farsa.

Algoritmos e mensagens

 Em tudo o que me transformo

Nada resumo.

 O sumo resumo do que deixo de ser:


Vários nadas.

Lar

 Luz híbrida retorna ao não voltar.


Que brilho ultrapassa o sonho ao acordar

Acordando de um relance: a noite solar.

Lunar

 E volto.


Ao retornar descrevo o caminho por onde passei

Tentando dissolver o fóssil, ele não está mais lá

Só o fóssil do fóssil, assombra a me sombrar

O fóssil do fóssil do fóssil reslumbra resquício

Idade lunar

Parede entre encarnações: me segue até lá.

Quem sabe nos encontramos 

Num outro lugar?


Embaçado

 Tive que voltar.


Porque sempre me chamam pelo nome que é um fio

Ainda linhas escrevo dentro da minha cabeça ao deitar

Que ainda fios me seguem sem eu deixar

Porque não deixo

Acordo e ainda sou o que sonho ao sonhar

A verdade mais límpida, a que não posso enxergar.


quinta-feira, 1 de abril de 2021

Poeira

Hecatombe branda
A humanidade
Machuca ao longo
Quase sem ver
A própria marca de nascença

Uma bagunça
Uma febre
Um estupor geracional
Florestas de árvores genealógicas
Disseminadas como ramos e suas raízes
Bem embaixo dos nossos narizes

Cérvix
Do vidro ao verme
Viemos do mesmo cerne
O átomo neutro, a explosão
A história
Que me conta a poeira cósmica entre os dedos

Na raiz do meu cabelo está o nervo
Me leva ao deus-erro
Esse que eleva os fracos à força divina
E suprime a constância firme do zelo
Para tudo mesclar, estamos sempre

Numa bomba-relógio
Prestes a estourar.

Escala

Eu olho pra ela e rio ela sou eu

Aos 13, 14, 17 anos até 44

Ela não era, ela sou eu

Segue sendo ainda que pensem que não 

Me toca porque não houve assim uma cerimônia de encerramento da adolescência

Nem da infância

Nem de mim aos 20 inteiros gastos com pena delas todas

Se repetem, ano após ano

Olhando por cima do ombro para trás e achando que virou outra.



Fala

Como caindo no exercício de se mirar

Carnivorando a respiração precisante de perdurar

Se pendurar na anatomia do fio que liga a vida e desliga a dor

Alongando na sálvia saliva do perfume flor


Mais uma vez, espectro

Transduto de coices metálicos ao lado de todas nós em fases semi-bucais

Lâmpadas (outra vez) me lâmpadas - me limpe 

- Todo borrão espera seu coito, sua malícia viva na pedra olho vulgar

Mas me mate-me de tanto esperar - a vida me intempera


Poesia é idioma nuclear