segunda-feira, 19 de dezembro de 2022
Sumiço II
Sou só eu, esse ser indigno de descrição
Imprevisível, inescrutável, amorfa mutante rasteira medrosa
Olho de canto e profundamente, o âmago da vida mesma dentro de cada impossível ser-outro
A outra o outro es outres todes calades e assustades pensando meu deus o que essa cabeça está pensando ou pouco se lixando pra minhas possíveis opiniões
Prefiro assim passar despercebida
E só passar por notável quando me convém
Não seria lindo assim, seria insuportável
O que me encanta é o talvez encanto, talvez reveses, talvez te odeio
O que me encanta é não precisar
Fingir
Lutar
Pra encampar um espaço lote na esquina de um pensamento
Re-existir sem forças e sem hábito
Sumir da minha própria vista cansada.
Esconderijo
Busca
Entendo como inquietude o monstro que me habita
Devorando presenças sempre que me exijo demais estar
Nunca posso estar tanto quanto quero
Sempre estou distante
Em busca do próximo passo, do passado momento, em busca de algo
Estou sempre buscando
Deixando a vida pra depois.