sábado, 22 de junho de 2019

Molduras

Por trás de uma tela
Assim, transparente

Escutei um grito, uma selva de palmas
Eram vocês
Todos atrás
da tela de novo

Ao meu socorro veio outro grito
E era ela:
Só mais uma nuvem real de intimidade aumentada
Só mais uma dúzia de novelhidades
As falas murmúrias, mudança das eras
O público dançando suave
As mãos invadindo os espaços
As lanças, os vãos, a espera

Nada suspeitava da sua própria irrealidade
Nem aquela narrativa astuta de que eu mesma existia
sorria, sumia
sangrava e comia
nos fundos das telas
nas vidas vazias
por trás dos olhares.