Por trás de uma tela
Assim, transparente
Escutei um grito, uma selva de palmas
Eram vocês
Todos atrás
da tela de novo
Ao meu socorro veio outro grito
E era ela:
Só mais uma nuvem real de intimidade aumentada
Só mais uma dúzia de novelhidades
As falas murmúrias, mudança das eras
O público dançando suave
As mãos invadindo os espaços
As lanças, os vãos, a espera
Nada suspeitava da sua própria irrealidade
Nem aquela narrativa astuta de que eu mesma existia
sorria, sumia
sangrava e comia
nos fundos das telas
nas vidas vazias
por trás dos olhares.