Não me encontro onde me perdi
Ali já não estaria jamais novamente nem que insistisse
Não sou um gato
Te ver revela o mistério
E me dá mais angústia ainda
Não querer e não querer te ver
Querer não querer te ver
As vozes, a adolescente que grita e esperneia
Quer atenção
Quer ser compreendida
Ela só quer
Atenção
Ela quer bajulação
Que seja amada
Como ninguém poderia
Ninguém é capaz de lhe dar tanto amor
Ela faz falta
Nela mesma
Ela some
Nela mesma
Ela desaparece e volta a aparecer na vida adulta
Ela nunca sumiu
Nunca foi embora
Ela está ali
Você, desapareceu
Aparece através de outros prismas
De outros olhares
Aparece no labirinto de palavras e histórias com objetos
E tento te reconstruir dentro de mim
Dia após dia
Tento te refazer
Traçar teu trajeto
Estar em tuas horas
Presente
Pensante
Te desenho com minha memória
E não esqueço, não consigo
Te desejo pois desejo a mim mesma
Refaço nosso caminho
Nossa pequena tragédia cômica - era uma piada de mau gosto?
Rimos de nós mesmos e depois choramos
Como crianças histéricas que depois de um ataque de risos ficam incontroláveis
Gatilhos
Lembranças
Sentimentos
Tudo misturado na exatidão de haver perdido o nosso tempo
A culpa já não é quem me assombra
É a tua própria sombra me cutucando e me dizendo pra parar de te seguir
Não venha atrás de mim
Não me procure
Me deixe lamber minhas feridas
Tudo novo, e sempre é
Tão fresco novo surpreendente
O que você queria, afinal?
Você teve que me falar
Aquelas coisas todas que também doeram em você
Mas mais em mim
Sem dúvidas, mais em mim
Porque sou assim dramática
E tudo toma uma proporção gigantesca
Que toda a tua razão derrete por dentro de mim como um ácido quente
Me destrói e limita
Quanto mais me vejo, mais pressinto
Que crio e destruo pelo prazer de ver queimar
Porque nada teria o direito de existir além de mim
Tamanha a vontade de controlar o que me escapa
Tamanha posse do mundo, tamanho rancor
Que inexisto se não souber que sofro por nada
Pra caber nos vazios que me preenchem
Não faço sentido
Não te vi, olhei pra mim
Pensei que uma coisa que me faz sofrer tanto não merece que eu me arraste por baixo da terra
Já basta meus pés cansados
Já basta o silêncio que pesa
Já basta o tapa na cara que é não existir
Me faço sentir pelo olhar distante
Que talvez nunca exista
Insisto na imensidão do mar como a cura para os males todos
Ou a desculpa que falta pra me abster do impossível.
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