sexta-feira, 17 de junho de 2022

Uma pena

Nada mais importa

E que eu desapareça pelos buracos

Sumindo enquanto converso com as diversas projeções que espalho

Esboçando um universo autêntico

Louco, a loucura sempre romântica

Que não experimenta entender o que já escapou


Intimidade pública, eu sou uma autoridade explícita

Máxima capacidade de mentir o tempo todo que me importo

De parecer até pra quem não me sabe uma sumidade súbita 

Logo ela, logo ali

Com o olhar vago fingindo que não permite que tudo lhe atravesse

Como raios de estrelas cadentes furando a pele e o espírito

Transparecendo uma inteireza tão caída que amolece


O silêncio da madrugada como escudo

Pra não dormir com o barulho dos pensamentos cada vez mais agudos

Estarrecedor

Estou só com o tempo, que me acompanha no rosto muito de perto

Baforeja no meu pescoço e me enforca

A música que é senhora das minhas rugas e meus tormentos

Deve ser isso, virar fumaça

Se despedaçar o tempo todo

Ficar pelo caminho sem controle

Ensurdecer pois está tudo tão abafado

E é quente dentro do ouvido

Tem algodão, tenho certeza.


A tua leveza é tão sobrenatural

Você parece uma pena.



Nenhum comentário:

Postar um comentário