olho vazio de imensidão escura
perde ao longe a carreira do pensamento
mirando uma direção que já não existe
num lugar que já não ocupa:
o cheio de outro coração desesperado
busca o que não vê mas sabe que está
na negação dos sentidos, na entrega silenciosa
vertigem luminosa pisando a matéria-passado
que é hoje, é futuro de tão incerto
é tão nunca que sempre foi
e nunca tão perto
ofusca
brilhos da eterna parecência
do tentando ser o que não se sabe
correr da sua mesma sombra
atrás do seu mesmo sempre