Fugindo da plateia, ou do trabalho que dá convencer as pessoas de que você é alguém real?
domingo, 27 de dezembro de 2020
Prece
Sou só eu ou o universo está afundando? Dentro de milhares de estrelas possíveis me afogo, nas minhas próprias luzes apagadas (piscando, elas saltam, somem, sobem até a cabeça e voltam) Os fogos - artifícios - tragam o asfalto na forma de ondas. Todos são ondas, quebram na beira e somem. As almas águas. Almas águas. Salvação.
segunda-feira, 14 de dezembro de 2020
Aperto
Emergindo da escuridão de uma densa floresta
O monstro silencioso e tranquilo
Calmo como a ventania
Que destelha cidades sem remorso ou fúria
Sua fúria é lasciva
É metálica, cor de chumbo
Plana, pende sobre a humanidade
Meu [ódio] sacrifício
Transformado em remédio
Espúrio
Do vento da madrugada, que é chuva, que é silêncio
Mas é confuso
É todo mundo ao mesmo tempo
E vazio
Como o som da vontade de explodir
E não poder
De gritar
E não alcançar a voz
De morrer
E seguir vida no imperioso ataque da loucura
O que me acalma
Doce serenidade do aperto
Pressionando minha ganância de fugir
Até que dela surjam
Em micropedaços de movimentos inquietos
Em micromundos de expressões fugazes
Tremores, rastros
Avessos do real que é pensado para ser fantástico
Assim me vejo
Sou a face do que somos sem saber
E me empresto ao dilúvio do nascimento.