segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Aperto

 Emergindo da escuridão de uma densa floresta

O monstro silencioso e tranquilo

Calmo como a ventania

Que destelha cidades sem remorso ou fúria


Sua fúria é lasciva

É metálica, cor de chumbo

Plana, pende sobre a humanidade

Meu [ódio] sacrifício

Transformado em remédio

Espúrio

Do vento da madrugada, que é chuva, que é silêncio

Mas é confuso


É todo mundo ao mesmo tempo

E vazio

Como o som da vontade de explodir

E não poder

De gritar

E não alcançar a voz

De morrer

E seguir vida no imperioso ataque da loucura


O que me acalma

Doce serenidade do aperto

Pressionando minha ganância de fugir

Até que dela surjam

Em micropedaços de movimentos inquietos

Em micromundos de expressões fugazes

Tremores, rastros

Avessos do real que é pensado para ser fantástico

Assim me vejo

Sou a face do que somos sem saber

E me empresto ao dilúvio do nascimento.






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