terça-feira, 1 de junho de 2021

Visão

Quem nunca olhou pra montanha detrás dos meus olhos não sabe o que esconde

A neblina fosca no fundo da cabeça vapor

Uma cor bem quase nada 

Não nítida

Mas por trás da montanha escuro

Um vale nem eu sei o que vai porque nada volta de lá

Vem um segundo ele-eu que sou subindo

Tentando me agarrar na bordinha da ponta com neve e tudo

Olhando pra baixo pensando em escorregar talvez quem sabe

Olhar

Pra fora do olho quem vê já não me enxerga

Sou eu olhando pra trás de outra montanha agora salto

Eu-ele pulamos pra dentro de outra miragem

Nos atiramos no precipício 

Engolidos pela sede de sermos vistos

Lá no fundo, deglutidos

Misturados ao que outra visão carrega

Já somos parte da paisagem

Estamos ali habitando

Esperando o dia que seja

De enxergar o sol por trás da nuvem.



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