Era algo sobre a água, sobre ser água
Você não lembra?
Não sou eu quem bate à sua porta com seus tratamentos formais e suas quantidades pesos e medidas, tudo exato
Tudo em seu lugar
Crescer, não importa a dor
Sentir, não importa o peso da vida
Tudo pode ser sentido
E eu sigo aqui, engessada na formal ideia que fiz de meu caos
No absurdo intento de revogar o poder do destino
Na falta de crédito que dou aos meus pequenos passos
Tão ínfimos, pequeno risco
Só um traço por volta da sombra das minhas mágoas, angústias
Afinal, pra que tanta angústia?
No fim era o caos, o medo, o sono
E tudo se voltava para o mesmo local, o medo, o sono
A fome de sentir o mundo por dentro, a pressa de contar vantagem sobre o tempo
Nada pode ser tão implacável, a terra come, a água leva
São só palavras, mas são palavras.