Ao fundo, procurando não ver o que me aparece sempre na cara como uma bêbada que assusta - tudo está muito quieto, eu diria. Tão calmo que até o que sangra já não morre, e, como antes, come e se refestela por baixo dos panos e detrás da maquiagem. Sou só eu ou tá calor nesse morno inverno de Curitiba?
Ela puxou o cabelo para o lado e respirou mais um pouco da tarde que caía:
- Às vezes eu falo sozinha.
E às vezes tremia, mas fingia um corpo cansado buscando a beleza mais próxima - a raridade mais íntima, a auto-mutilação mais lúcida, a claridade mais sórdida. Nada se deixava desejar, nem mesmo os fiéis retratos de si mesma que pintava com uma obtusa maledicência. Tudo parecia longe e tudo sondava. Ou sonhava.
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