Saíram os dois, a chuva e o vento
Por que não poderia sair também?
Pés empapados, metade de mim esfria ao som das gotas e do silêncio submisso dos que esperam sob os toldos...eu não espero, sigo pelo meio-fio, guias, canaletas, vias de acesso - tudo, como sempre, meticulosamente calculado
Olhos castanhos, cinzas, amarelos
Bestas coloridas andando pelas ruas da cidade (não são, afinal, exímios manipuladores de guarda-chuvas, esses curitibanos?)
Espremem instintos (ah, que recato!), doces gentilezas encrustradas de preconceito
Eu manobro como se possuísse um sabre de luz, observando as maravilhosas esculturas momentâneas que se formam ao cruzar uma ou duas pessoas em vielas estreitas
A poça dança no lodo do meu lado obscuro
Eu danço na poça obscura do meu lodo
Meu lodo dançou com a poça da minha obscuridade
Danço nos passos nas poças, pé ante pé, boca ante beijo empoçado
De volta para casa, posso utilizá-lo como escudo para possíveis pilhagens no caminho.
Que lindo!
ResponderExcluirImaginei uma daquelas pedras das calçadas Curitibanas que você pisa de um lado e ela explode água barrenta em toda sua calça e sapatos.
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