Observo a forma como me movimento entre os outros e percebo, sem surpresa, que sou uma serpente. Nem sempre venenosa, mas com uma força no ventre que pode engolir uma cidade inteira. A vida me exige um tanto de paciência comigo, mas é cansativo ter que me arrastar o tempo todo. A natureza é sábia inteiramente e eu não sou uma natureza completa, só posso conter uma frágil fração do universo que ao mesmo tempo está em tudo. Sou também um jardim com todas as suas micro diversidades de terra e sais minerais, e dependendo da estação do ano tenho o solo mais rachado mas, ainda assim, às vezes nascem uns verdinhos aqui e ali. A serpente no jardim pode simbolizar algo que sempre está ali em em meio à cor vibrante das flores, é profundo e misterioso, mas convive em harmonia com a superficialidade. Gosto de símbolos e dos contrastes que eles evocam. Me lembra que tudo pode ser interpretado.
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