domingo, 21 de setembro de 2025
Acerto
Venho aqui devagar, como escutando minhas necessidades fisiológicas. Elogio por dentro quem não tem crises, quem vive a lisura de um exato contentamento. Ninguém vive assim, ninguém pode ser tão avesso à vida. O que pretendo comigo é um acordo nupcial: caso-me comigo se entendo a imperfeição fissurada do acerto, a soberana crise de existir. Dou voltas e voltas e sigo vivendo, mas posso morrer agora pois estou atrelada à vida como um líquen na pedra. Fisiológica, mesmo. O corpo me dita a raiva de devolver o medo ou a doçura de me envolver com o insondável. Tudo pode. Posso impor limites mas a vida sempre é quem vai me dizer até onde posso ir. E não tenho limites enquanto estiver contemplada por minha própria vontade de crescer e explodir. Explodo em jorros e já não sou matéria, nem tenho saudades da minha casa. As separações são inevitáveis assim como a terra o tempo o pólen e vida e a natureza. A natureza é inevitável.
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