Parar e reagir, acionar o impacto profundo
A pele, o que não evito e ressinto
A falta ilógica do que nunca existiu
Nada é lógico em mim
Avisto de perto o sono corroído e a dança enigmática do meu sangue lento, fraco, uma pulsação quase unânime por vias estreitas e sinuosas, me lanço à força grave do instinto: te ser, ter tua vida em mim sempre transplantada, uma raiz que cobre todos os meus pés e me faz mergulhar numa fantasia tão grande quanto o impossível, já sou toda eu você e somos uma árvore frondosa. Dessa árvore caem os frutos tingidos de terra e sol que se oferecem inteiros como oblações ilícitas à sua própria existência, pois dela mesma se alimentam e me fazem saciar para sempre qualquer ingenuidade de digerir mal as ideias abstratas que você pudesse ter de mim. Assumo o descontrole, lembro que não somos árvore, terra, mato. Lembro, porém esqueço. E assim esquecendo, beijo com devoção a trágica maneira em como nos tornamos ao mesmo tempo corpo, água e pó.
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