Como às vezes, tropeçando inteira caindo madura - a manobra de arte ao esfregar teu corpo no meu e lamber teu espírito - tudo pode ser devolvido à terra antes tarde do que sempre, mas nem tudo e nem sempre, quase nunca, diriam os astros.
O que a previsão não cogita é o falso, a peça, a muleta, o vão - todos dentro de um grande saco de invenção, a mentira de seguir vivendo como qualquer dia num dia qualquer no meio de uma praça, andando só e perdida, a imagem seca sépia de uma viagem ao fundo do poço e voltando, caducando, esquecendo dos sonhos que são a minha parte mais importante - a quem os estou entregando sem saber?
Um pano dobrado (aqui cabem as memórias), um caldo entornado (espalhamos a morte), um espirro dolorido (sim, dói desdobrar-se);
Mas nada disso é suficiente, preciso pegar ainda a carona mais rápida e isso tudo me levará ao espanto: sou tão grande e nem sabia? Me dou medo e devolvo com gentileza falsa, "tome, trema por mim" que eu já não dou conta de enxergar essas coisas gigantes ao lado de coisas minúsculas, sinto uma febre, um frio, uma lembrança.
Me arrepio e retiro os olhos de dentro, vou cuidar das plantas, vou lavar a louça, esqueço.
Nenhum comentário:
Postar um comentário