sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Vozes

Sibilando dentro da cabeça
Ouço vozes cantando em descompostos compassos
Zzzz
  Zzzz
        Zz
Vamos deixar pra depois, não tem abismo depois da queda
Nem vazio depois do medo
Não tem queda, só o luto, a dor e a ausência

Preciso exorcizar meus demônios, eles sobem nas paredes
Pouco mais me sobem na garganta e gritam pelos ouvidos
Quando eu grito, abafada
Torcem no eco atônito da solidão sem fim - uma multidão de ocos soltos
Multidões em mim

Presa na realidade infinita de tudo ou nada mais ser
Do que são os meus, mas eu sou feita de água
Sou afeita às palavras
Sou feto de frases sem cor
E culpas que carrego sem culpa
Pois me falta a parte que me cala

Ouço vozes, já não são as mesmas.





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