domingo, 8 de agosto de 2010

Campus

Germano, esse era o seu nome.
Abraçado aos corredores vazios da faculdade, como se estes lhe refugiassem de si mesmo, como se tivessem algo além de azulejos frios para lhe oferecer, recordava sempre as velhas professoras: Beth era a mais durona, Paula a mais esquecida, Célia a menos exigente. Subia e descia os degraus da escadaria esperando encontrar um não-sei-o-quê de lembranças que deixara por lá ao abandonar o curso, mais especificamente um não-sei-quem que lhe havia roubado todo o seu início de juventude e de felicidade universitária. Passeando pelos locais externos ao campus, avistou o beco atrás da casinha suja usada como depósito, um verdadeiro canto. O seu cantinho. Seu e dela. Deles.

Indagou por onde andariam aqueles olhos (verdes e tristes) que haviam colorido suas tardes perdidas, jamais esquecidas, com perguntas que ele não sabia responder. Lembrou-se da forma como ela o fazia sentir, dos devaneios sem fim e das caminhadas que sempre chegavam à mesma pensão úmida no fim do dia.

Sempre doía na sua alma ter que se despedir de todas essas lembranças. Doía mas, no fim, saía mais leve de lá.
Semestre após semestre, sempre retornava aos antigos corredores.

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