domingo, 25 de abril de 2010

Da sorte desfeita

Qualquer coisa é menos irritante que uma conversa não terminada.


- Olhe amigo, penei pra chegar até aqui, viu?


Minha cabeça liquefeita, especialmente naquele dia eu sofria por antecipação. Buscava dar sentido às palavras, arranhava algumas expressões inofensivas, tentava ser o mais próxima de mim mesma possível. Nada adiantava, as coisas pareciam todas fora de lugar, o mundo parecia desordenado e, no entanto, eu sabia estar fazendo a coisa certa. Até que não tinha sido tão ruim aquela segura distância mantida por tanto tempo...no fim das contas, eu sou realmente conhecedora de tudo o que se passa na minha mente?
Apanhei uma caneta, comecei a rabiscar um velho caderno...tudo o que saía eram padrões de formas geométricas, nada de poesia, nada de melodias, nada de rimas...e eu que só queria fazer uma música para tirar de mim todo aquele peso. Sem sucesso, dormi. Adormecendo, me vi correndo através de uma ponte e saltando sobre um abismo que apenas encontrava um caudaloso rio em seu final. No rio, água. Nas profundezas, pedras. Novamente na superfície, ar respirável e um fio de esperança vertendo juntamente com meu corpo lento que se dirigia até a margem. Finalmente, quem eu esperava encontrar.

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