sexta-feira, 18 de abril de 2025

Anzol

A minha suave angústia, às vezes não é suficiente. Preciso espalhar os ramos da árvore, essa árvore impenetrável do caráter que me extravasa, são meus frutos -  quem posso controlar? Recalcular os rumos do pensamento, o tempo todo, me pescar.  Jogaria o anzol mil vezes se fosse preciso, ainda estou tentando, mas me escapo sempre que algo me atravessa com lentidão azul, uma massa imensa do fascínio a que eu mesma me exponho, sou fanática por testar as probabilidades. Até o sumo preciso extrair, de uma vida esparramada em galhos folhas flores relações paridas ou cortadas por um aço translúcido sem nome, eu me vi por dentro, eu me pari. Sou uma força marrom e verde e estou por dentro de mim. Penso demais, exercito a servidão à negação de tudo, questiono o questionamento no momento em que ele me pinça com garras de rapina e, mesmo assim...me entrego somente ao que me parece lúcido, e lucidez demais também ofusca. De qualquer forma, imprimo no olho do instante o que me cabe ser, sendo percorrida pela seiva do cansaço. Um cansaço de terra. Um peso necessário. Preciso ser aleatória demais, penetrar demais, grudar demais nas paredes limosas do escárnio - eu não rio, porém. Levo tudo muito a sério.

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