quarta-feira, 30 de abril de 2025

Fuga

De que fala esse novo medo, a qual grito me expõe? Novo, mas conhecido, me sinto inteira pesada pela terra que me cobre. Aqui ele já esteve, mas eu era outra, então. Tinha ferrugem nos olhos e agora só vejo o que brilha, no escuro abraço forte a vontade de não sentir. O que escrevo não tem final, não fala de mim, mas tenho a fome de mundo de quem escapa pelas laterais, fugindo da miséria de uma razão descabida. Desavisada, sou acossada por ele em formatos geométricos e distintos, cores vibrantes, o medo numa cápsula de vitamina. O medo incorporado à rotina e dentro dele a coragem de admitir que sou tão pequena. Uma pequena angústia, uma minúscula dose de veneno. Tão mortal quanto um sonho triste. Nesse sonho, acordo sempre com um medo exato, uma vontade de correr pra longe do que me enxerga com uma certeza abrupta. Não quero ser entendida. Quero fugir para dentro do medo e lá ficar cega, sem poder ver o que me assusta. 

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