Não posso mais falar do que sou pois fui vista. Flagrada na invenção de olhos que me cortaram ao meio e assim me amarraram ao convencimento de uma felicidade infinita, um deságue inconstante, uma fogueira no meio do oceano, o caos da leveza. O que escondem as palavras que me importunam? Afinal, nem tudo importa, não preciso ouvir todos os conselhos da minha boca amargurada, falo mil idiomas e não entendo nada. A condenação segue a passos largos, só posso ser infinitamente feliz. Minha sentença é oportuna, desejo renunciar aos poderes de ser livre para entristecer? Estou presa e fiel à ideia que fiz da infelicidade fecunda - o atrito que rói e lapida os cantos da minha devassa natureza criativa. Escapulir escorregar, nunca gostei do que é fácil. Mas gosto do descanso - do esquecimento - do conforto de não pensar.
Se ainda me leio é porque preciso.
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