terça-feira, 8 de abril de 2025

Cartas

É vermelha a tentativa de suprir e fechar os buracos da dúvida
Eu escrevo para saber o que não entendo quando fecho os olhos
E não entendo nada
Não quero mais entender

A dobra eterna de uma flexibilidade salgada - tudo me ocupa, vou embora com o medo
E fico enquanto salto de um estado acrílico para outro, persisto que ainda isto acaba
E não, não termina
Que enquanto me concentro em validar o que sinto, me perco
E aí a palavra sai sem querer 
Por que assim eu sempre quis

Calei o impulso de ser perfeita
E gritei manso o que te vejo
Audível, cristalino
O que o olho renega arregala e teme
Que seja visto assim em plena luz, uma mirada constante
Para fora, para o lado
Aquela fuga incompleta e cada vez menos ânsia
O sossego da fala que ilude a certeza
A paciência de me ver
O desconcerto de poder
Com tamanha insistência e desatino
Perseguir o desejo, o desabrigo
Acabar em silêncio, como um livro.












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